segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

DEUS NÃO INTERFERE NO LIVRE ARBÍTRIO DO HOMEM

Quando se pensa em como conviver ou em como pensar em viver com o próprio livre arbítrio, surgem diversas colocações. De fato, é um tanto quanto, polêmico, este tema. Questões filosóficas, sociais e religiosas são inteiramente capazes de influenciar o conceito sobre livre arbítrio. Analisando-o na ótica filosófica e bíblica, claro, excluindo-se o aspecto “religião”, torna-se simples entender: Bíblia não é religião nem doutrina ou dogma religioso. É a doutrina da Palavra de DEUS! Segue-se então que o pensamento mais dito no meio popular é que DEUS deu o livre arbítrio a todos e cada um utiliza-o como desejar. Entretanto, alguns apontam como um meio limitado que DEUS deu e, assim o controla, dando a liberdade do homem utilizá-lo até onde DEUS permite. Ah! Se isto fosse assim mesmo...Um dos textos bíblicos mais utilizados por quem o defende está no livro de Jonas, que mesmo tentando fugir para longe de onde DEUS determinou que fosse, no final, acabou lá, na cidade chamada Nínive. É salutar definir o que é o livre arbítrio, assim, tem-se um bom começo. Arbítrio é, segundo Houaiss[1], a decisão dependente apenas da vontade, vontade própria e independente. Segundo alguns filósofos[2], por exemplo, no pragmatismo de William James (1842-1910), é o impulso que conduz o ser humano à crença em determinadas suposições, tais como os princípios da religião ou do livre-arbítrio, cuja legitimidade não depende de qualquer comprovação obtenível por meio de fatos ou dados objetivos, mas de sua utilidade psicológica e dos benefícios vitais que as acompanham; no nietzschianismo, impulso natural voltado para o poder e dominação sobre os seres e objetos circundantes, presente na vida em geral e na natureza inorgânica, e manifestado de maneira trágica e amoral nos instintos e desejos que cercam a existência humana busca de um pretenso conhecimento objetivo e científico, que se ilude ao ocultar a influência determinante dos interesses vitais e da vontade de potência na própria constituição do processo cognitivo; no pensamento do filósofo alemão, Schopenhauer (1788-1860), impulso natural considerado o conteúdo interno ou a essência de toda a realidade, e manifestado especialmente na dimensão biológica, onde incita os organismos a buscarem a conservação de sua vida individual e a perpetuação da sua espécie; no Iluminismo, a razão moral e política, desprovida de afetos ou paixões, em que cada ser humano raciocina a respeito dos comportamentos e atitudes que deve exigir de si mesmo e de seus semelhantes; no pensamento de Rousseau (1712-1778), vontade soberana, homogênea e legisladora, exercida por cada cidadão de uma coletividade, despertada por meio de educação cívica, e voltada para o bem comum, em oposição aos interesses meramente particulares.Estas são clássicas definições de vontade, ou arbítrio. Livre arbítrio é, sumariamente, em uma expressão simplória, ser livre para manifestar a vontade que está dentro de cada um. Voltando em Jonas, interessantemente, poderá surgir a seguinte questão: Por que DEUS tirou o livre arbítrio de Jonas? RESPOSTA: DEUS NÃO TIROU O LIVRE ARBÍTRIO DE JONAS, não interferiu em momento algum no livre arbítrio de Jonas e nem de ninguém, quando se considera vontade de manifestar-se livremente. Jonas não sofreu nenhuma mudança de vontade em seu pensamento, não houve uma interferência psíquica que mudasse a direção da vontade de Jonas. Este fato é corroborado pela ação de fuga do profeta ao ouvir a ordem de DEUS. Em toda a Bíblia, desde o livro de Gênesis até o livro de Apocalipse, não há sequer um ponto, onde DEUS mostra Sua interferência nas vontades do ser humano. Afinal, segundo a Bíblia, o que DEUS dá, é sem arrependimento, então, como Ele irá interferir nisto? E para exemplificar, com personagens bíblicos mais conhecidos: DEUS não impediu que Eva comesse do fruto e nem que o desse a seu marido, Adão; DEUS não impediu que o povo fosse perseguido pelo faraó do Egito; não impediu que faraó escolhesse libertar ou não os hebreus; DEUS não impediu que Davi cometesse homicídio doloso contra a vida de Urias; ferisse ou matasse Saul e cometesse adultério com Bate-Seba, esposa de Urias; DEUS não impediu que JESUS escolhesse, beber do cálice ou não; DEUS não impediu que JESUS, irado, fosse até o pátio do templo e derrubasse todas as mercadorias dos “camelôs” da época e apontasse o dedo a cada um; DEUS não impediu que Sansão revelasse à Dalila, seu segredo; DEUS não impediu que os irmãos de José do Egito, o vendessem; DEUS não impediu que José desse ou não o perdão a seus familiares na terra do Egito; Paulo, após orar 3 vezes pelo espinho na carne, certamente um tipo de pecado, ouviu a seguinte resposta de DEUS: “a Minha Graça te basta...” isto é, DEUS não interferiu nas atitudes de Paulo que estavam no seu íntimo psíquico ou físico, enfim...


Conclusão

DEUS não nos impede de cometer nenhum tipo de atitude, seja ela pecado ou não. Temos o livre arbítrio, seja como for, todos os seres humanos nascem com este atributo e, por fim, se ele existe em cada um, é para ser utilizado, pois tudo tem um objetivo determinado. Assim, bíblica e filosoficamente é possível afirmar que não há como DEUS interferir no livre arbítrio humano, dado o fato de que todo homem dará conta a DEUS de seus atos, além de que, a própria Bíblia afirma que muitos serão chamados e poucos serão os escolhidos, claro, isto deriva das atitudes de cada um segundo sua fé, pois segundo o caminho trilhado pelo livre arbítrio, assim construirão suas ofertas para “o dia mal”.DEUS nos deixa à vontade para escolher, Ele não muda a vontade que está em nós, mas apenas nos oferece caminhos benignos e nos alerta contra os caminhos malignos, mas a decisão de qual seguir, esta é nossa, contudo, as consequências, também. Quando DEUS dirige ao povo pelo profeta Isaías: “Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra”. Cabe a cada um escolher (“se quiserdes...”).


[1] Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua Portuguesa.

[2] Apud Houaiss